O amor de uma mãe para com um filho é algo inexplicável. Hoje, eu pude ver isto. É um cordão umbilical que jamais se rompe. Resiste aos anos que possam passar, décadas e uma vida inteira. E que, não adianta alguém de fora julgar ou tentar analisar. Seja o caso que for, a profundidade que tiver, somente os interessados dentro da história é que entenderão e compreenderão o sentimento deste amor entre ambos os envolvidos. Parece um assunto batido e saturado sobre o amor de um filho para com uma mãe ou de uma mãe para com o filho. Mas, o ângulo que hoje irei abordar parece ser ainda um pouco controverso e não superado.
Observe esta história:
Um bombeiro com amor a sua profissão e ao ser humano, recebendo a notÃcia de um acidente, se destina rapidamente para atender a solicitação de resgate, com a finalidade de socorrer um possÃvel afogamento. Quando chega lá, descobre que o envolvido, refere-se a uma criança que foi lançada no rio, após ser lançada ali por causa daquele momento de ira de sua mãe com crise existencial e animal. Nem me refiro a momento racional, mas irracional. Lançando-a para causar a sua morte sem que alguém soubesse. Só que dá tudo errado, alguém vê e pede socorro. AÃ, por haver tempo de sobrevivência ainda, desta criança e acreditando na possibilidade de trazê-la viva, arrisca sua vida, tomando fôlego e saltando para mergulhar dentro deste rio para salvá-la.
E por um milagre, pois era dia de graças, consegue obter sucesso, resgatar sua vida, Ai, esta criança socorrida, recebe todos os cuidados e atendimentos, embora ela tenha engolido muita água e está em situação gravÃssima. Segundo códigos de atendimento, está nas últimas. Nem Leve, moderado, grave, mas gravÃssimo. Passado o susto e desespero, levada no lar de infância e aquecida, alimentada é orquestrada para um lar com pai e mãe de criação. A criança, recebe todos os carinhos possÃveis com estes novos responsáveis, recebe atenção, alimentação, roupas, educação, dignidade. No entanto, atravessando gerações com a pulga atrás da sua orelha, deseja saber: “ o por quê, onde está, e quem seria a minha mãe”. Pensou esta criança. Agora que ela transformou-se num homem e tem até famÃlia. Só que no fundo de si, não as considera de fato. Pois, nada lhe foi escondido até que se tornou um homem, visto que sabe de toda a verdade, nada lhe foi escondido. Então, do outro lado, sei lá de onde, ressurgindo do nada, com o tempo, esta mãe biológica sofre o remorso da vida, recebe a consciência espiritual da gravidade que causou, chegando a luz da reciclagem mental e procura de qualquer forma o perdão deste filho para reparar todo seu erro cometido naquele ato de insensatez, de lançar o seu filho naquele que não foi seu aliado, o rio. E o dia de graça, mais uma vez acontece.
Um belo dia, com a ajuda de um e de outros, consegue marcar um reencontro com o seu filho. E ambos corações, batem forte, parecendo aquele frio na barriga, antes de uma apresentação musical, teatral diante de uma grande plateia que irá se apresentar. Estão prestes a se reencontrarem novamente. Até que chega o momento. E passo a passo, vão dando um em direção do outro. E acontece o que milhares de pessoas jamais não entenderiam. Inclusive eu, o abraço de ambos. Poucas palavras são faladas neste momento, no instante em que se abraçam. E no tempo de um minuto, entre abraços e choros esquece todo o rastro de dor e pesar para perdoar a sua mãe biológica.
A minha opinião como pessoa, vendo toda a dificuldade de minha mãe para me criar e do meu pai para contribuir com minha educação, por mais falhos que sejam , externei com a minha mulher, que é difÃcil entender este abraço de reconciliação. E ela também da mesma forma, externou a sua opinião como filha a mim, assim como milhares de pessoas diante deste caso, fariam. O embate não existe, não é uma briga, apenas opiniões que são externadas, um para com o outro. Isto é, eu para com ela e ela para comigo. Assim, assado, seria assim, daquele outro, não poderia ser, deveria sim e ai vai.
Achei interessante escrever sobre este amor incondicional que não se acaba, por mais que eu não concorde. Porque para mim, pai e mãe são aqueles que criam. Do inÃcio do texto até aqui, foi uma história com verdade e ficção para ilustrar e aguçar a questão deste amor de mãe e filho depois de sua atitude de mostro. Mas, teve um caso que me deixou intrigado e pensativo, cem por cento verÃdico. A mãe abandonou o seu filho com quatro meses. Depois de vinte e seis anos, o reencontra e o abraça e recebe perdão. E na minha dedução, refiro assim, porque não cronometrei, não durou mais do que um minuto o abraço e choro entre eles para zerar todos os ressentimentos. Houve um abraço tão carinhoso ali que me inspirou escrever. E ali, diante deles, a mãe de criação deste homem que um dia havia sido abandonado foi o que mais me chamou a atenção, vendo a mãe biológica e o filho se abraçarem sem rancor nenhum por isto, uma velhinha simples, cheio de amor que confessou aos que haviam ajudado este reencontro acontecer, dizer que orientou o filho, a este reencontro: - Vai e encontre a sua mãe. Disse ela para os pacificadores: - Eu te criei com todo o carinho e amor, mas ela é a mãe. Confessou. Pensa que amor? Que maturidade? Que riqueza de não egoÃsmo? Confesso duas coisas:
Acho que entendi um pouco do que é o amor ágape. O amor altruÃsta desta simples velhinha, não ligue por me referir a ela deste modo, não é pelo lado pejorativo, a palavra velhinha escrevo carinhosamente, por ver as marcas do tempo em seu rosto e uma mulher que com toda certeza suportou todos os momentos difÃcil daquele homem, para ajuda-lo ser tão nobre a ponto de perdoar a sua mãe que o abandonou tão novinho, com quatro meses de vida para revê-lo vinte e seis anos depois. A segunda coisa a confessar é que perdoar compreendo ser esquecer e viver o presente, por mais difÃcil que seja.
Não seria nobre da parte dele chegar ali naquele momento e xingar a sua mãe biológica e dizer: - Por que você me abandonou? E assim por diante, descarregar todos os problemas que o tempo não irá voltar mais, porque passou.
Jorge kaalebe