Apresentação da Disciplina
Os objetivos deste artigo consistem em introduzir ao caro leitor as questões básicas relativas ao ‘design’ gráfico, buscando com isso auxiliá-lo no desenvolvimento de materiais didáticos impressos e digital. Os conteúdos a serem abordados auxiliarão a compreensão a respeito da editoração eletrônica, seus equipamentos e processos. Após isso, será vista uma abordagem suscinta dos processos de produção, abrangendo sistemas de impressão, acabamentos e papéis. Terminada essa parte inicial, relacionada à produção, o estudo será direcionado para o projeto gráfico, que consistirá em verificar as relações entre mensagens visuais e verbais, a estruturação e a composição gráfica, passando por pontos de atenção, proporções, diagramas e grades.
Depois, serão vistos especificamente o estudo da cor e da tipografia. Por fim, serão abordadas questões relativas à diagramação de página de materiais didáticos impressos e eletrônicos. As avaliações serão realizadas após o término de cada unidade, somadas a uma avaliação final presencial.
Introdução
A editoração eletrônica modificou significativamente o processo produtivo dos materiais gráficos, revolucionou a maneira de desenvolver impressos e, conseqüentemente, de seu processo projetual. Neste artigo, vamos verificar os principais equipamentos utilizados para a realização de materiais gráficos, o fluxo de trabalho digital e os processos de tratamento de imagens e arte-final digital.
A editoração eletrônica surgiu em meados da década de 90, com a introdução de um sistema compacto de composição de textos e de impressão, bem como de uma linguagem computacional que permitisse sua utilização de forma segura. O surgimento dessa tecnologia permitiu ampliar consideravelmente as possibilidades de trabalhar com textos e imagens. Até pouco tempo, a utilização de textos se dava somente por meio de processos tipográficos, pela utilização de cartelas de letras transferíveis sob pressão e por máquinas de escrever eletrônicas. Isso impedia que houvesse agilidade no processo, bem como a versatilidade de tratamento do texto. Por outro lado, exigia que os profissionais dessa área pensassem constantemente de forma criativa, buscando transpor os obstáculos tecnológicos.
Tipos de chumbo, cartelas transferíveis e máquinas de escrever eletrônicas.
O primeiro equipamento de editoração eletrônica se baseava num programa específico para diagramação de textos e imagens, o ‘Aldus Pagemaker, numa impressora laser de mesa com alta resolução e na linguagem de descrição de página ‘Adobe Postscript’.
Atualmente, isso tomou muitas direções, pela redução dos custos de aquisição e, em muitos locais, percebemos a utilização desses equipamentos de forma rotineira. As impressoras se modernizaram e se diversificaram significativamente, possuindo inúmeras aplicações.
Os programas gráficos evoluíram muito, eliminando os principais problemas ocorridos. A linguagem ‘Postscript’ evoluiu até o nível três, permitindo mais segurança na impressão de materiais gráficos. Veremos os equipamentos, o fluxo de trabalho, o tratamento de imagens e a arte-finaliza- ção digital num momento posterior, pois, antes, é necessário que você compreenda como a imagem é formada dentro dos programas gráficos e como ela pode ser manipulada.
Uma imagem, um gráfico ou um texto podem ser formados no computador por duas formas distintas, a vetorial e a ‘bitmap’ (ou imagem mapa de ‘bits’).
A imagem vetorial consiste em pontos dispostos num plano cartesiano, ligados por meio de retas ou curvas, que podem ser manipuladas caso seja necessário. Esses pontos, retas e curvas, podem ampliar ou diminuir as imagens e textos sem perder qualidade gráfica. Veja o exemplo abaixo. Imagine que para isso os elementos se assemelhem a pedaços de papéis recortados, que são sobrepostos e organizados para formar uma ilustração ou um texto.
Design Gráfico
Uma imagem vetorial.
A imagem ‘bitmap’, por sua vez, consiste numa espécie de mosaico, em que cada quadradinho (‘pixel’) é preenchido por uma cor específica. A manipulação dessa categoria de imagem requer mais cuidado, pois sua ampliação, quase que constantemente, ocasiona uma perda de qualidade. As imagens devem ser capturadas com a qualidade necessária desde o início do processo.
Os programas computacionais para tratamento de imagem permitem ampliar ou reduzir as imagens de forma mais segura. Por outro lado, quando essa imagem for ampliada ou manipulada dentro de um programa vetorial, com certeza a sua qualidade será muito inferior.
Para exemplificar: num programa ‘bitmap’, a imagem, quando redimensionada para um tamanho maior, continua com a mesma quantidade de 'pixels' por centímetro ou polegada (por exemplo, 200 ppp – ‘pixels’ por
polegada. Nesse caso, a denominação mais utilizada é a americana dpi – ‘dots per inch’). Num programa vetorial, quando a imagem é ampliada, os ‘pixels’ aumentam também, ou seja, os pequenos quadrados ficam maiores, chegando em alguns casos a aparecer na tela e na impressão, causando as imagens pixeladas ou serrilhadas. Isso acontece muito quando é utilizada uma imagem capturada da Internet para ilustrar algum material gráfico e ela ainda sofre algum tipo de ampliação. Por ser um ambiente eletrônico, no qual as imagens serão vistas num monitor, elas imagens são preparadas em baixa resolução, cerca de 72 dpi, ou seja, 72 linhas de pontos por cada polegada. Isso torna a imagem mais leve e fácil de ser transmitida pela Internet. No caso de impressos, as imagens possuem uma maior resolução, partem de 150 dpi até casos extremos de 1200 dpi. Nos casos mais corriqueiros, as resoluções entre 150 e 300 dpi cumprem todas as necessidades.
Equipamentos de entrada de dados
Esta categoria pode ser dividida em equipamentos mais básicos, pertencentes a quase todos os computadores, bem como em equipamentos específicos para a realização de tarefas de caráter mais profissional. Imagine o cenário de um escritório doméstico e perceberá))) LP lłp7) m, geralmente, a utilização de ‘mouses’, teclados, ‘scanner’ e máquina fotográfica digital. Basicamente são os mesmos equipamentos utilizados para finalidades profissionais com a diferença óbvia no aumento de suas complexidades tecnológicas, e, conseqüentemente, do seu custo de aquisição. Para trabalhos gerais, além do que todos os computadores possuem (‘mouse’ e teclado), os ‘scanners’ domésticos e as máquinas fotográficas mais simples cumprem essa função com perfeição. Aumentando a necessidade de profissionalização dos materiais gráficos, necessita-se de maior qualidade dos equipamentos. Vamos verificar caso a caso:
- Scanners: os scanners são responsáveis pela conversão de sinais óticos (luz) em sinais digitais (código binário). Através de fotocélulas, cada uma composta por sensores pertencentes às principais emanações do espectro luminoso, ou seja, vermelho, verde e azul-violeta (padrão RGB – ‘Red’, ‘Green’ e ‘Blue’), a luz refletida do original que está sendo capturado pelo vidro do ‘scanner’, é processada e convertida num código que forma a mesma imagem, só que agora, por códigos matemáticos, os ‘pixels’. ‘Scanners’ domésticos alcançam, em média, 300 dpi a 1200 dpi. Já os ‘scanners’ profissionais podem chegar a 5000 dpi. Isso se torna útil quando se tem um original pequeno para ser capturado e é necessário utilizá-lo em dimensões muito maiores. Análise de um cartaz de filme. A fotografia original pode ser pequena, mas deve ser impressa em grandes dimensões, assim, uma imagem capturada com alta resolução, muitos ‘pixels’ por polegada, permite a ampliação sem perda de qualidade.
‘Scanners’ domésticos e profissionais
- Máquinas fotográficas digitais: a partir do ano 2000, as máquinas foto gráficas digitais se popularizaram muito, baixando os custos de aquisição e melhorando sua qualidade. A tecnologia das máquinas fotográficas permitiu uma velocidade muito maior para a editoração eletrônica.
Sendo que no início de sua inserção, sua tecnologia era bastante deficiente, atualmente, até mesmo algumas máquinas digitais mais simples permitem realizar alguns trabalhos de maior qualidade gráfica. Máquinas fotográficas digitais domésticas e profissionais
- Mesas digitalizadoras: também conhecidas como ‘tablets’, são pranchetas eletrônicas, com uma caneta própria, que funcionam como um
‘mouse’. São utilizadas para trabalhos gráficos que necessitam de ilustrações digita e tratamento de imagens. Proporcionam maior velocidade no trabalho e mais flexibilidade do que o ‘mouse’, pois são sensíveis à pressão aplicada. São os instrumentos digitais para desenho que
mais se aproximam, atualmente, do processo de desenho tradicional. Mesas digitalizadoras.
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1.2 Equipamentos de tratamento de dados
Após os dados terem sido capturados e adquiridos, necessitam de um ambiente para serem processados. Podemos dividir o tratamento de dados em duas categorias, o ‘hardware’ e o ‘software’. Traduzindo literalmente seria algo como material duro e material mole, ou seja, tudo o que é físico no computador, que pode ser tocado, e tudo o que é programação, que não pode ser tocado.
O ‘hardware’ corresponde à CPU e seus diversos componentes. Existem diversos tipos de computadores para executar trabalhos gráficos, com desempenhos variados, de acordo com seus componentes internos, que estabelecem novamente uma questão de custo x benefício. Talvez a maior diferença se apresente entre as plataformas de trabalho ‘MAC’ e ‘IBM/PC’. São basicamente dois padrões distintos de construção e programação que requerem programas específicos para cada um. O mais difundido é o padrão IBM/PC, que corresponde à grande maioria dos computadores que utilizamos no nosso dia-a-dia. O padrão ‘MAC’, desenvolvido e fabricado pela ‘Apple Computers’, é mais utilizado, no Brasil, para o desenvolvimento de trabalhos gráficos profissionais.
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Computadores ‘MAC’ e ‘IBM/PC’
Para fazer com que o ‘hardware’ execute suas tarefas, são necessários os ‘softwares’, os programas. Esses podem ter inúmeras classificações, porém, a mais importante é a que divide os programas em sistema operacional e aplicativos. O sistema operacional é o principal programa do computador, responsável pelo funcionamento de toda a máquina, da comunicação de todos os componentes, da hospedagem de todos os aplicativos e do gerenciamento dos arquivos. Os principais sistemas operacionais são o ‘Windows’, o ‘Linux’ e o ‘MAC’. Logicamente, os sistemas operacionais MAC são desenhados especificamente para funcionarem em ‘hardware’ ‘MAC’, pela mesma empresa, permitindo uma integração muito maior. O sistema ‘Linux’ se caracteriza por ser um ‘software’ livre, que recebe com contribuições de diversos programadores do mundo todo, e é utilizado corriqueiramente nos computadores padrão ‘IBM/PC’. O ‘Windows’ também foi desenhado para o padrão ‘IBM/PC’ e é, atualmente, o sistema operacional mais difundido nos computadores pessoais.
Marcas dos sistemas operacionais ‘MAC’, ‘Linux’ e ‘Windows’.
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APLICATIVOS
Instalados nos sistemas operacionais estão os aplicativos. Esses podem ser enquadrados em diversas categorias, desde aplicativos para trabalhos específicos, tratamentos médicos complexos até antivírus ou jogos. No nosso caso, os programas mais utilizados são os processadores de texto e aplicativos gráficos. Os processadores de texto servem para receber e tratar os textos necessários a cada trabalho específico, sendo o mais comum deles o ‘Microsoft Word’. No caso dos aplicativos gráficos, isso se expande para diversas funções. Vamos exemplificar algumas:
- aplicativos ‘bitmap’ para tratamento de imagens: esses programas são exclusivos para manipular imagens compostas por ‘pixels’. No processo gráfico, esses programas não são utilizados para finalizar ou imprimir um trabalho. São utilizados para preparar as imagens que depois irão ser dispostas juntamente com textos ou outros elementos gráficos em programas vetoriais de ilustração ou de paginação. Esses aplicativos são responsáveis por todos os retoques fotográficos, pelas montagens, e por outras aplicações em imagens. Os principais programas são o ‘Adobe Photoshop’ e o ‘Corel PhotoPaint’.
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Interface do programa ‘Adobe Photoshop’.
- Aplicativos vetoriais de ilustração: são programas utilizados para desenvolvimento de ilustrações, trabalhos com cartazes e outros materiais gráficos em geral, com exceção de livros e revistas. Possuem alta interatividade e flexibilidade do arranjo de textos com as imagens já tratadas. Os mais conhecidos são o ‘Corel Draw’, o ‘Adobe Illustrator’ e o ‘Macromedia Freehand’.
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Interface do programa ‘Corel Draw’.
- Aplicativos vetoriais de paginação: assemelham-se aos anteriores, porém são específicos para o desenvolvimento de páginas impressas, como livros, jornais e revistas. Suportam longas quantidades de textos e possuem recursos específicos para esse fim. Também como os programas vetoriais de ilustração, aceitam excepcionalmente as imagens já tratadas. Os mais usuais são o ‘Adobe Pagemaker’, o ’Adobe InDesign’ e o ‘QuarkXPress’.
Interface do programa ‘Adobe InDesign’.
1.3. Equipamentos de saída de dados
Esta categoria de equipamentos corresponde, basicamente, às impressoras digitais responsáveis pela impressão do trabalho. Alguns autores afirmam, e têm certa razão, que o monitor de vídeo também é um dispositivo de saída de dados, como uma caixa de som também seria, pois esses equipamentos nos dão retorno dos dados que foram inseridos no computador. No nosso caso, serão consideradas apenas as impressoras, pois produzem o resultado dos materiais gráficos de senvolvidos. As impressoras também podem ter classificações diferenciadas, porém as mais importantes referem-se às impressoras domésticas e profissionais e às tecnologias de impressão. Quanto à primeira classificação, a grande maioria de impressoras que conhecemos são domésticas ou, no máximo, semiprofissionais. As impressoras profissionais estão restritas a empresas especializadas em impressões, como gráficas ou birôs de pré-impressão. Quanto à tecnologia de impressão, as impressoras podem ser divididas em algumas categorias:
- Impressoras jato de tinta
- Impressoras eletrostáticas / laser
- Impressoras sublimação de cera
Alguns modelos de impressoras
Fluxo de trabalho digital
O processo de impressão gráfica apresenta um fluxo de trabalho particular, que consiste numa série de procedimentos específicos para que o trabalho seja impresso adequadamente. Ele é dividido em três grandes partes: pré-impressão, impressão e acabamento.
Na pré-impressão, o material gráfico é desenvolvido com a captura de imagens, tratamento dessas imagens e sua inserção em programas de ilustração ou paginação vetorial. Nesse momento, o caminho se ramifica em dois. Na primeira possibilidade, o arquivo segue para a impressão digital direta, sem passar por processos intermediários. Na segunda possibilidade, o arquivo segue para a impressão de fotolitos ou matrizes que serão utilizados para a impressão ‘offset’ (alguns desses assuntos serão
estudados com mais profundidade na unidade seguinte).
Glossário
Fotolitos: filmes transparen tes que contêm as imagens do material que será impresso. São utilizados normalmente para a gravação de matrizes de impressão ‘offset’ por um sistema fotográfico, ou seja, por bloqueio ou passagem de luz.
Representação gráfica do fluxo de trabalho digital.
Na impressão, o material gráfico sai do virtual para ser material, ganha forma física. A impressão pode ser realizada por diversos processos, sendo os mais comuns, o ‘offset’ e a impressão digital eletrostática.
Na etapa do acabamento (esse assunto será estudado com mais profundidade na unidade seguinte), os materiais impressos são finalizados, recebem cortes, dobras, grampos, colas e recursos especiais como relevo, plastificações, impressões metalizadas, etc.
O fluxo de trabalho digital concentra-se com mais ênfase nas duas primeiras etapas, pré-impressão e impressão. Ele possibilita controlar o trabalho, realizar alterações, enviar pela Internet para aprovação, para testes, etc. Esse fluxo de trabalho utiliza a linguagem ‘Postscrip’ como base e possibilita a utilização do PDF para agilizar o processo.
Glossário
PDF – ‘Portable Document For mat’ (Fomato de Documento Portátil). Formato de arquivo utilizado para padronizar a dis tribuição de documentos em fluxos de trabalho ou Internet, independentemente do programa de computador em que foi criado. Hoje, a maioria dos programas gráficos consegue gerar PDFs ou ler PDFs, permitindo que o trabalho possa circular em diferentes programas.
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Interface do ‘Adobe Acrobat Reader’, que permite trabalhar com arquivos PDF.
3. Tratamento de imagens
Neste momento, abordaremos algumas questões a respeito do tratamento de imagens. As imagens são tratadas em programas específicos, dos quais o ‘Adobe Photoshop’ é um dos mais utilizados porque proporciona segurança e versatilidade. O tratamento de imagens consiste em manipular a imagem que foi capturada por um scanner ou máquina fotográfica para adequá-la aos requisitos de impressão. Os procedimentos mais comuns são o ajuste de tamanho e resolução (dpi) das imagens, ajustes de luminosidade, saturação e nitidez, retoques de defeitos das imagens, eliminações de fundos de figuras, montagens, colorização, etc. Nas figuras abaixo, apresentamos alguns exemplos de manipulação das imagens.
Exemplos de tratamento de imagens, situação fictícia.
Imagem original
Passo 1: retoques de eventuais defeitos.
Passo 2: ajuste de luminosidade e contraste.
Passo 3: ajuste de nitidez.
Passo 4: ajuste de saturação e cor.
Passo 5: ajuste de luminosidade e contraste.
Passo 6: eliminação de fundo.
Passo 7: inserção do fundo desejado.
4. Arte-final digital
O processo de arte-final consiste em preparar o arquivo do material gráfico em um programa vetorial de ilustração ou paginação, segundo os requisitos de impressão. Esse processo requer a inserção de marcas de corte nos materiais, marcas de dobras, barras de calibração de cores, além de executar ajustes para que não ocorram desencaixes entre as cores de impressão. No processo de arte-final, as imagens ‘bitmap’ são inseridas nos seus locais adequados.
A arte-final conclui o desenvolvimento do material gráfico, tornando-o pronto para a reprodução seriada.
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Exemplo de arquivo de arte-final.
UNIDADE B PROCESSOS DE PRODUÇÃO
Objetivos
• verificar as principais características dos métodos de impressão digital e ‘offset’;
• reconhecer como a imagem se decompõe para poder ser impressa por meios industriais;
• identificar as principais características dos papéis e os processos de acabamento mais utilizados.
Introdução
As publicações, entre elas os materiais didáticos, necessitam de uma série de procedimentos para se adequarem à produção em escala industrial. Nesta unidade, abordaremos questões referentes à decomposição da imagem para possibilitar sua reprodução. Serão estudados os sistemas de impressão digital e ‘offset’, bem como os acabamentos mais utilizados e as características do papel como principal suporte de impressão.
Os processos de produção que serão aqui descritos correspondem às necessidades básicas para a realização de um material gráfico impresso. Serão vistos aspectos de impressão, acabamentos e papéis utilizados. Anteriormente a essas questões, é necessário compreender como acontece o processo de separação de cores, no qual a imagem é decomposta em cores específicas para poder ser impressa.
Na separação de cores, temos algumas situações distintas, que podem ser descritas e agrupadas nas seguintes categorias:
- impressão em seleção de cores
- impressão em cores especiais
- impressão em seleção de cores + cores especiais.
Para compreender essa distinção, temos que considerar, primeiramente, as diferenças entre seleção de cores e cores especiais. A seleção de cores consiste na impressão em quatro cores básicas (ciano, amarelo, magenta e preto – CMYK), que formam o restante das cores. Esse é o processo mais comum utilizado para a impressão de fotografias, ele serviu de base para o desenvolvimento da tecnologia de impressão a jato de tinta, no qual essas mesmas cores também são utilizadas.
Exemplos de impressão em seleção de cores.
A impressão em cores especiais se diferencia da seleção de cores por utilizar cores específicas para a impressão. Ao invés de utilizar, por exemplo, a composição de magenta e amarelo para gerar a cor laranja na impressão, utiliza-se diretamente a tinta laranja para essa finalidade. Nesse caso, reproduções fotográficas podem não ser bem sucedidas, pois com as tintas especiais não se pode saber corretamente que produto irá gerar de sua mistura. Nas impressões uma cor, é comum a utilização de tintas especiais como, por exemplo, em materiais impressos com somente um tom de azul ou de vermelho. As cores especiais podem ser misturadas e gerar uma terceira cor, de acordo com a intensidade de mistura.
Exemplos de impressão em cores especiais.
Para conseguir as variações de tonalidades responsáveis por gerar a ilusão de luzes e sombras das tintas empregadas na impressão, utiliza-se a retícula. A retícula é uma malha formada, normalmente, por pontos redondos, elípticos ou quadrados, que amplia ou diminui a dimensão desses pontos, buscando causar uma ilusão ótica que permite ao olho perceber as diferenças cromáticas.
Utiliza-se a retícula porque não existe possibilidade de rebaixar uma cor, não conseguimos adicionar branco, por exemplo. A solução encontrada foi fazer com que aparecesse o branco do suporte de impressão, o papel, por entre os pontos da retícula. Numa área de sombra da imagem, o ponto possui um diâmetro maior (deixa aparecer pouco branco), enquanto que numa área de luz, o ponto se apresenta com um diâmetro mínimo (deixa aparecer bastante branco).
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A retícula e as variações de tonalidades
Essa retícula é quase imperceptível se vista rapidamente. Quando olhamos com atenção para um impresso, percebemos a utilização desses pontos. De acordo com a qualidade de impressão e qualidade do papel a malha pode ser maior ou menor. Por exemplo, um jornal possui uma malha maior, com menos pontos por polegada, enquanto uma revista possui uma malha menor, com mais pontos por polegada. Essa medição é feita em lpi (linhas por polegada – ‘lines per inch’). Quanto mais fina é a malha, mais linhas ela possui, por conseqüência, possui mais lpi.
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Diferentes lineaturas de retícula
1. Offset
A impressão ‘offset’ é responsável pela maioria dos materiais gráficos disponíveis no nosso dia-a-dia impresso fisicamente: cartazes, embalagens, folhetos, rótulos, livros, revistas, etc.
É um processo versátil, que permite a impressão sobre diferentes tipos de papel e, em casos especiais, até mesmo em metal.
Essa impressão consiste num sistema de transferência da tinta para superfície a ser impressa e se baseia no princípio de repulsão entre os líquidos, semelhante à separação ocorrida entre a água e o óleo. Ele utiliza uma matriz plana, na qual a imagem a ser impressa (fotografias, textos, etc.) é gravada por meios fotográficos. Na matriz, a área de gravação da imagem se diferencia do restante, pois, na imagem, a textura é lisa, repelindo a água e atraindo a tinta, enquanto que, na área não gravada, a textura é porosa, atraindo a água e repelindo a tinta. Cada vez que a máquina faz uma rotação, a matriz recebe água e tinta. A tinta que permanece na imagem é então transferida para um cilindro revestido de borracha, que a aplica posteriormente sobre a superfície a ser impressa.
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Para ver outros processos de impressão como, por exemplo, ro togravura, flexografia,
serigrafia,www.producaografica. com.br.
As rotações podem chegar até a 10.000 por hora em uma máquina plana (de folhas). Em máquinas alimentadas por bobinas de papel essa velocidade pode ser maior.
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Esquema gráfico do sistema de impressão ‘offset’.
Cada cor que será impressa necessita de uma matriz específica. Algumas máquinas conseguem imprimir até sete ou oito cores a cada passada de papel, mas em máquinas que imprimem uma ou duas co res, é necessário várias passadas de papel até obter o resultado final.
Algumas impressoras ‘offset’ (Fonte: ver lista de créditos de ima gens 09)
2. Impressão digital
A impressão digital abrange uma grande variedade de tipos de im pressoras para diversas finalidades, passando desde as tridimensionais
Glossário
Passada de papel: cada vez que o papel entra por uma ponta da máquina e sai pela outra, é considerada uma passada de papel. Em máquinas que impri
mem uma cor de cada vez, para conseguir uma impressão CMYK, são necessárias quatro passadas de papel. Em máquinas de impri
mem quatro ou mais cores, uma passada de papel é suficiente.
que esculpem os materiais, até impressoras que imprimem sete me tros de largura, entre outras. No nosso contexto, as impressoras mais utilizadas são as eletrostáticas coloridas ou preto e branco. O princípio de funcionamento dessas impressoras consiste em, partindo da leitura de um arquivo digital, transmitir eletricidade a um cilindro ao qual o pó de impressão (‘tonner’) irá aderir por meios magnéticos. Esse prin cípio é também aplicado em máquinas fotocopiadoras (‘xerox’) e pode ser entendido de forma mais clara, por exemplo, quando passamos o braço perto da tela de uma televisão, percebemos que a eletricidade estática atrai os pêlos como um ímã.
Figura B.8 – Esquema gráfico do sistema de impressão digital eletrostática.
O princípio é o mesmo tanto para impressoras coloridas como mo nocromáticas, a única diferença, é que na impressora colorida (CMYK) há quatro cilindros a serem energizados, um para cada cor.
Após a transferência desse pó para a superfície do papel, ele é fixado por meio de cilindros que transmitem calor. Notamos isso quan do observamos que a folha retirada de uma máquina de ‘xerox’ ainda conserva o calor desse processo.
Essas impressoras trabalham com um número mais limitado de papéis, mas, em alguns casos, tornam a impressão muito mais aces-
sível. Isso se deve ao fato de que, para a impressão ‘offset’, deve-se gerar fotolitos, matrizes, ajustar a máquina. O custo inicial é mais alto, mas se dilui numa quantidade grande de impressões. Ao passo que a impressão digital não possui custos iniciais, somente um custo por folha impressa. Assim, fica mais barato fazer poucos cartazes ou livros em impressão digital do que em ‘offset’, porém, com o aumento das produções, a impressão ‘offset’ se torna mais econômica. Para verificar essas diferenças, você deve sempre realizar um pedido de orçamento nas gráficas antes de executar algum material.
Figura B.9 – Algumas impressoras digitais eletrostáticas (Fonte: ver lista de créditos de imagens 10)
3. Acabamentos gráficos
Os acabamentos mais usuais são as dobras, colas, grampos e recor tes. Em alguns casos, para a produção de algum material mais elabo rado, necessitamos aplicar tipos diferentes de acabamentos como, por exemplo, facas de corte, relevos, tintas metalizadas, holografia e, até mesmo, aplicação de aromas. Esse é um universo bastante amplo, com inovações diárias. Trataremos dos recursos especiais mais utilizados no dia-a-dia para a produção de publicações impressas.
Quando utilizamos o processo offset para a publicação de materiais didáticos com características de apostilas ou livros, normalmente, é im pressa uma folha grande no tamanho máximo que a máquina permite. Essa folha de papel inteira contém muitas páginas que, após serem impressas, são dobradas automaticamente, organizando-se na seqü ência. Essas folhas dobradas são chamadas de fascículos. De acordo com o formato de impressão e a quantidade de dobras, os fascículos
Glossário
Holografia: consiste na aplica ção de películas holográficas so bre os impressos. Essas películas são aplicadas por pressão e ca lor. Dão a ilusão de tridimensio nalidade e são usadas também como recursos de segurança para evitar falsificações. Podem ser encomendadas exclusivamente para uso particular de uma em presa que queira aplicar um selo holográfico em seus materiais.
podem ter várias páginas e uma publicação pode ter vários fascículos costurados e/ou colados.
Figura B.10 – Imposição de páginas e esquemas de dobra de fascículos.
A encadernação de livros e revistas utilizando grampos é feita de duas maneiras diferentes. A primeira leva o nome de grampo tipo re vista, nela o grampo é colocado no topo da dobra e pode ser utilizado somente para publicações que não sejam muito extensas. A segunda é chamada de grampo lateral ou tipo livro, pois gera uma lombada e o grampo é colocado na lateral da publicação.
Figura B.13 – Máquina grampeadora (Fonte: ver lista de créditos de imagens 12)
Figura B.11 – Máquina dobradeira (Fonte: ver lista de créditos de ima gens 11)
Figura B.12 – Representação gráfica da colocação dos grampos.
Glossário
Lombada: extremidade lateral de uma publicação que possui, normalmente, o título e nome do autor e da editora.
Além dos grampos, os livros mais elaborados ainda podem ser con
feccionados utilizando costura e cola. A costura serve para unir os fas
cículos de impressão. Depois de costurados, os fascículos são colados
e recebem as capas. Em alguns casos, os materiais não são costurados,
são apenas colados, o que torna o acabamento mais simples.
Figura B.14 – Costura e cola.
Figura B.15 – Máquina para costura (Fonte: ver lista de créditos de imagens 13)
Após as dobras, costuras e colagens, a publicação está pronta para ser recortada. Numa guilhotina profissional, são empilhados os mate
Figura B.16 – Máquina para cola (Fonte: ver lista de créditos de ima gens 14)
riais e então refilados de acordo com o especificado.
Em relação aos acabamentos específicos, podemos citar alguns que são mais utilizados nas capas ou em outros materiais. Dois dos princi pais recursos são a plastificação e a termolaminação, que aplicam uma camada de filme semelhante a um plástico sobre o papel. A plastifica ção aplica uma camada de um material de menor qualidade e é fixado sobre o papel apenas com a aplicação de calor. Já a termolaminação aplica filmes de diferentes materiais sobre o papel, e são fixados não apenas com o calor, mas com cola, resultando em melhor qualidade e durabilidade.
Outra possibilidade para valorizar alguns detalhes dos materiais gráficos é a aplicação de vernizes localizados sobre os impressos. Esses vernizes ressaltam algumas imagens, letras, proporcionando um brilho ou um aspecto fosco somente sobre a área desejada. No caso de tor
nar fosca essa área, utilizamos uma plastificação ou termolaminação brilhante no restante do material. As possibilidades de combinação e contraste são muitas.
Figura B.17 – Máquina plastificação e termolaminação (Fonte: ver lista de créditos de imagens 15)
Figura B.18 – Exemplos de aplicação de verniz.
O relevo é um recurso muito utilizado, e agora ainda mais, pela proliferação da acessibilidade de materiais didáticos e produtos, prin cipalmente, embalagens, para pessoas com deficiência visual. Na sua maioria, as mensagens em Braille são impressas por meio do relevo nos materiais gráficos. Isso demonstra uma possibilidade significativa de aplicação desses recursos para os materiais didáticos.
Glossário
Braille: sistema de leitura para deficientes visuais. É um alfabeto convencional formado por pon tos em relevo os quais são lidos por meio do tato.
Figura B.19 – Exemplos de aplicação de relevo.
4. Papel
Os papéis ainda são os suportes mais utilizados na indústria gráfica
e a variedade de suas características se refletem em seu peso, espessu
ra, transparência, acabamento superficial, cor, etc.
Grande parte dessas características se deve ao seu processo de
fabricação. O papel é formado pela pasta de celulose, que pode ser
extraída de árvores ou por meio da reciclagem de papéis descartados.
Essa pasta, pode ser dividida em duas categorias, a pasta mecânica e
a pasta química.
Figura B.20 – representação gráfica da fabricação do papel.
A pasta mecânica caracteriza-se por ser um papel mais rústico, no
qual a madeira é moída, recebe os componentes para formar o pa
pel que resultará em bobinas e folhas. Essa pasta não recebe muitos
tratamentos químicos, e deriva daí, principalmente, o papel jornal e
outros que não sofrem o processo de branqueamento ou tratamento superficial elaborado. Possuem uma cor mais assemelhada à madeira e sofrem bastante com a exposição à luz.
A pasta química possui um tratamento mais elaborado, porque pas sa por cozimentos, peneiras, branqueamentos, refinamentos, de acordo com cada papel a ser feito. Desse processo saem os papéis chamados sulfite, ‘couché’, cartão, entre outros. Esses papéis podem receber diver sas pigmentações, revestimentos, coberturas, etc.
Os papéis possuem diversas características, mas as principais são as seguintes:
- Estruturais: referem-se à rigidez do papel, ao grau de absorção de água, à relação entre espessura e peso (porosidade) da folha e ao peso do papel por metro quadrado (gramatura, por exemplo, sulfite 75g/m²); - Mecânicas: referem-se à resistência do papel, à tração, ao rasgo e às do bras duplas, ou seja, são os papéis utilizados em embalagens que possuem algumas funções físicas;
- Químicas: referem-se à acidez do papel, seu PH, e sua resistência à luz ultra-violeta, ou seja, à sua exposição ao sol;
- Funcionais: referem-se principalmente à sua utilização nos processos de produção; a sua resistência atritos, à absorção de tinta, à liberação de pó, e a resistência à água (por exemplo, embalagens de supermercado); - Ópticas: nessa categoria se enquadram a cor do papel, sua opacidade e brilho, e sua brancura;
- Superficiais: referem-se, basicamente, ao revestimento superficial do pa pel, à sua cobertura. Por exemplo, papéis sulfite não possuem revestimen to superficial somente, a pasta química prensada e lisa. Papéis ‘couché’ possuem uma camada superficial semelhante a um gesso tratado sobre a extensão do papel, tornando-o muito mais liso e adequado a impressões de maior qualidade.
Figura B.21 – Revestimento superficial e seu comportamento na impressão de pontos de retícula.
Os papéis mais utilizados para a produção de publicações, com exceção de jornais, são o sulfite (ou ‘offset’) e o ‘couché’. Além desses, ainda encontramos muitas variações entre papéis revestidos e não revestidos como o papel monolúcido, o pólen, sem esquecer o papel cartão, muito utilizado na impressão de capas mais resistentes. O papel cartão é formado pela colagem e prensagem de várias lâminas de pa pel e pelo revestimento superficial semelhante ao papel ‘couché’ em uma das faces.
Figura B.22 – Composição do papel cartão.
5. Bibliografia utilizada na Unidade
ADG – Associação dos designers gráficos. ABC da ADG – Glossário de termos e verbetes utilizados em Design Gráfico. São Paulo : ADG.
BAER, L. Produção Gráfica. São Paulo: Editora Senac, 1999.
RIBEIRO, M. Planejamento Visual Gráfico. Brasília: Linha Gráfica Edi tora, 1998.
BASES CONCEITUAIS DO PROJETO GRÁFICO
Objetivos
• compreender o processo básico da comunicação visual efetivado en tre o emissor e o receptor;
• identificar as diferenças entre as mensagens visuais e verbais conti das nos materiais gráficos;
• relacionar as dependências entre forma e função aplicadas aos ma teriais gráficos.
Introdução
Anteriormente, vimos os aspectos produtivos, agora iniciaremos uma abordagem voltada aos aspectos formais dos materiais gráficos, partindo de suas conceituações básicas. Para isso, vamos nos funda mentar em aspectos básicos da teoria da comunicação para buscar compreender o processo de comunicação visual. Serão consideradas também as mensagens contidas nos materiais gráficos, bem como as relações de forma e função.
Para iniciar esta unidade, a questão mais importante é a seguinte: O que é projeto gráfico? Por que utilizar a palavra projeto? As respostas para essas questões podem variar de autor para autor. Há um consenso geral de que o projeto se diferencia da criação gráfica. O processo de criação é mais aberto, mais livre, assemelhando-se mais a um proces
so artístico. Percebemos isso com freqüência na área da publicidade, na qual existem departamentos específicos para essa finalidade. No caso do ‘design’ gráfico, no momento de desenvolver projetos gráficos, o processo é mais fechado, mais controlado. As variáveis são mais numerosas e envolvem um trabalho sistemático que, freqüentemen
te, se estende por mais tempo. No caso desta disciplina, na qual são disponibilizados rapidamente os conceitos básicos de ‘design’ gráfico, dificilmente serão desenvolvidos todos os conhecimentos necessários para realizar projetos gráficos completos. O objetivo aqui é fornecer os conhecimentos básicos para que possam compreender e se comunicar com equipes multidisciplinares, que contenham profissionais capacita
dos para realizar os projetos gráficos necessários. Eventualmente, po derão utilizar esses conhecimentos para aprimorar o desenvolvimento de materiais educacionais. Assim, esperamos que estejam compreendendo que o projeto gráfico de materiais editoriais (como livros, revis tas, jornais e outras publicações), de materiais de divulgação (como cartazes, folhetos, etc), e de outros materiais específicos são melhores e mais funcionais quando realizados por profissionais capacitados e habilitados para essa atividade.
Dentro desse contexto, o projeto gráfico consiste em dar forma grá fica a determinadas necessidades, englobando os aspectos de comu nicação, utilização, produção, custos, etc. O projeto parte sempre de uma necessidade, que pode ser caracterizada como um problema, para encontrar uma solução. Essa solução assume uma determinada forma que cumpre todos os requisitos necessários e é o objetivo final dos ‘designers’ gráficos. Outro aspecto que auxilia a nossa conceituação é o fato de o resultado do projeto gráfico ser um produto industrial, um produto gráfico, que pode ser reproduzido de forma seriada, caso con trário, na maioria das vezes, não se caracteriza como projeto gráfico.
Figura C.1 – Algumas representações gráficas de metodologias de projeto.
1. Processo de comunicação - emissor - receptor
Como qualquer meio de comunicação, os materiais gráficos cum prem a função de comunicar uma mensagem para determinados re ceptores. Os materiais gráficos não podem ser sempre considerados como meios de comunicação de massa. Alguns materiais gráficos quan do são vinculados em grandes quantidades para muitas pessoas e regi ões diferentes, até podem cumprir essa função, mas não deixam de ter um direcionamento específico. Os materiais gráficos são, normalmente,
saiba mais
Joaquim Redig, em seu livro, So bre Desenho Industrial, concei tua a atividade do Desenho In dustrial (Design) de uma forma
bem completa. Foi adaptada para a nossa situação, apresentada da seguinte maneira: “Desenho Industrial é o equacionamento simultâneo de fatores ergonômi
co, perceptivos, antropológicos, tecnológicos, econômicos e eco lógicos no projeto dos elemen tos e estruturas utilitárias neces sárias à vida, ao bem estar, e/ou à cultura do homem”.
direcionados para um público específico. No caso de materiais didá ticos, cada situação requer uma abordagem específica, adequada às características desse público.
Vamos fazer um paralelo entre uma sala de aula e um produto gráfico. Pense num determinado professor. Ele sabe que os seus alunos possuem características culturais específicas por região, diferente grau de escolaridade, até na mesma sala de aula. Algumas turmas possuem um modo de trabalhar diferente de outra, ainda que cursando o mes
mo ano. Assim o professor adapta estratégias e experiências de apren dizagem para conseguir obter maior aproveitamento de cada turma. Nesse sentido, um material gráfico desenvolvido para um público ido so possui muitas diferenças de um material gráfico desenvolvido para adolescentes; um material gráfico desenvolvido para um congresso de administradores é diferente de um material gráfico para um congresso de música. Assim, materiais didáticos desenvolvidos para determinada
região podem não estar adequados a outra, e assim por diante. Um projeto gráfico também deve ser adaptado a um determina do público, às suas características culturais e fisiológicas. Isso implica considerar questões não só de escolaridade, tradições, ideais, com portamentos, mas também as limitações e capacidades que o corpo humano de um determinado grupo possui para interagir com os mate riais gráficos. O projeto gráfico parte de questões mais simples como a forma de tratar o conceito do projeto e sua composição gráfica, passa por contrastes de cor, tamanho de letras, e chega aos casos mais espe cíficos, como o uso de materiais especiais, do Braille, da interatividade física, etc.
Isso fundamenta nosso processo de comunicação visual, ou seja, a forma como o receptor compreende e interpreta o material gráfico. De uma forma geral, o paralelo com o processo de comunicação até mesmo falado é evi dente e está sujeito às mesmas dificuldades e ruídos. Cabe a nós ‘designers’ minimizar os ruídos de comunicação, possibilitando que o material gráfico cumpra sua função básica, comunicar uma mensagem. Mais adiante vere mos isso, ele pode até estar esteticamente resolvido, ser atraente, mas se não comunicar, algum problema existe em seu projeto.
2. Mensagens verbais e visuais
Os materiais gráficos, quase na sua totalidade, contêm dois tipos de mensagens, as verbais e as visuais. Isso pode parecer contraditório, pois a palavra não é uma imagem? Então, ela se enquadra como men sagem visual ou verbal? Num processo de comunicação falado, isso se torna mais simples, o que escutamos é verbal, o que vemos é visual.
Num material gráfico, não entendemos as letras, as palavras, as frases, e por meio delas compreendemos a mensagem transmitida? Como considerar isso então?
Nesse sentido, nos materiais gráficos, partimos de um princípio bá sico que considera a mensagem verbal pertencente à mensagem visual, ou seja, os textos são mensagens verbais, mas também são mensagens visuais. Veja a figura C.2. Note que a mensagem verbal se encontra in serida na mensagem visual como se estivesse 8Figura C.2 – Mensagens visuais e verbais.
Partindo do entendimento básico, que os textos, num material gráfico,88888p são considerados mensagens verbais, e que sua compreensão é relativamente simples, ou seja, a mensagem está escrita no impresso, vamos, portanto, nos focar na mensagem visual que é nossa área de estudo.
A sua própria imagem como pessoa não transmite informações ao seu respeito? Não demonstra um pouco do que você é? As cores e o es tilo de suas roupas, o comprimento, a cor e o corte do seu cabelo, a sua postura, o seu modo de sentar indicam traços de sua personalidade, é a mensagem visual que você apresenta a outras pessoas. Da mesma forma, um material gráfico também possui características semelhantes. Partindo da situação mais básica de que uma imagem (uma foto, por exemplo) transmite uma mensagem, vamos considerar que as cores transmitem mensagens, a estrutura da composição transmite mensa gens, os tipos de letras utilizados transmitem mensagens, enfim, todos os elementos gráficos utilizados e a forma com que são organizados no suporte transmitem mensagens visuais.
Figura C.3 – Comparações entre capas de CDs (Fonte: ver lista de créditos de imagens 16)
Considere o exemplo das seguintes capas de CDs (figura C.3). Per ceba as diferenças básicas de composição, tratamento das imagens, letras utilizadas. Não leia o texto, ignore-o, mesmo assim perceberá muitas diferenças entre as mensagens emitidas. Vamos analisá-las bre vemente, dividindo-as em imagens, textos e cores. A primeira imagem transmite serenidade e reflexão, a segunda transmite ameaça e terror. Os primeiros textos transmitem simplicidade e ordem, os segundos, agressividade e desordem. As cores utilizadas na primeira capa comu nicam serenidade e paz, na segunda, transmitem vibração e agressivi dade.
Por esta ótica, qual é a melhor? A primeira ou a segunda capa? A resposta para essa pergunta é: nenhuma. Nenhuma é melhor que a outra, são duas soluções diferentes para dois problemas distintos. Ne nhuma poderia substituir a outra no processo de comunicação. Gosto pessoal é um critério que deve ser mantido em segundo plano durante a atividade do projeto gráfico. Podemos até não gostar de determinado estilo, mas o importante é que o material gráfico comunique com mais facilidade.
Como você pôde perceber, as letras transmitem outras mensagens além das verbais (na Unidade F estudaremos com mais profundidade essa questão). Cada tipo de letra possui características formais que transmitem uma idéia, um conceito. Acima de tudo, os textos também são imagens.
Outro aspecto relativo dessas mensagens é a ligação existente entre elas. Por exemplo, pegue as capas anteriores (figura C.3) e ima gine que os textos estão trocados. Numa mensagem visual calma e or ganizada, teremos mensagens verbais agressivas e vice-versa. Nos ma teriais gráficos, na grande maioria das vezes, essas duas categorias têm que estar ligadas, ou seja, de comum acordo, uma reforçando a outra. O texto transmite uma mensagem verbal que é reforçada pelas ima gens, cores e características das letras. Obviamente, como toda regra, essa também pode ser quebrada, com o objetivo de causar um ruído
proposital na comunicação, buscando com isso brincar com o receptor, fazendo com que ele preste mais atenção à mensagem. Isso deve ser feito com extremo cuidado e atenção por profissionais competentes, quando isso não for realizado de forma adequada, a comunicação não funciona.
3. Relação entre forma e função
Para complementarmos os aspectos conceituais básicos do projeto gráfico, apresentamos uma discussão que há tempo se faz presente nos cursos de ‘design’: a relação entre forma e função. Essa discussão surgiu há muitos anos, possui seus altos e baixos, mas sempre volta à tona no momento em que surge uma nova tendência gráfica ou inova
ções tecnológicas. Assim, do final da década de 90 até os dias atuais, surgiram, com base no experimentalismo, na cultura ‘underground’ e na utilização dos computadores, novas maneiras de dar forma aos materiais gráficos. Atualmente, isso já está amadurecido, porém, em alguns casos, percebemos certa dificuldade de discernimento dos pro
fissionais e do público em geral.
Como discutimos antes, a função de um material gráfico, de um produto é transmitir com sucesso uma mensagem. Caso não comuni que, algum problema ocorre, gerando um ruído nesse processo. Exis tem profissionais que privilegiam a estética do material gráfico, sua forma, em detrimento da facilidade de comunicação. Isso acontece de duas maneiras. A primeira consiste na adoção de um estilo próprio, que é aplicado em todos os projetos desenvolvidos. A segunda ocorre pela inadequação das mensagens aos requisitos fisiológicos e culturais dos receptores, ou seja, letras muito pequenas ou muito separadas, linhas de texto muito longas, irregulares, podem dificultar a leitura para pes soas de idade mais avançada, não somente por motivos culturais, mas pelas limitações do próprio corpo.
Com tudo isso, queremos dizer, que se deve considerar a existência de um equilíbrio entre a funcionalidade e a valorização da estética nos materiais gráficos. Observe as figuras C.4 e C.5. A exemplo das capas de CDs anteriores, temos uma situação de organização gráfica e um exemplo mais caótico. Novamente, nenhuma é pior do que a outra, são estilos diferentes, que se adaptam a públicos específicos. O que você deve considerar é que nem sempre a mesma linguagem gráfica funcionará para diferentes públicos, cada um possui suas necessidades, e às vezes, é necessário privilegiar a funcionalidade e não a estética nos materiais gráficos.
Página de publicação com diagramação organizada, clara Figura C.5 – Página de publicação com diagramação mais espontânea, caóti ca (Fonte: ver lista de créditos de imagens
COMPOSIÇÃO E ESTRUTURAÇÃO
Objetivos
• reconhecer os princípios básicos de composição e estruturação grá fica;
• identificar as técnicas de comunicação visual utilizadas nos materiais gráficos;
• compreender a diagramação de página, estruturação, a modulação e as grades.
Introdução
Continuando nosso estudo, partimos para um aspecto mais técnico do desenho dos materiais gráficos. Nesta unidade, veremos o estudo dos formatos, dos pontos de atenção do olhar e das técnicas de co municação visual utilizadas. Serão abordadas também as proporções áureas, as estruturações de páginas e a utilização de grades. Passamos de um aspecto conceitual visto na unidade anterior, para um estudo da atividade prática.
Para a realização de um projeto gráfico adequado às necessidades, são necessários diversos conhecimentos. Veremos os principais aspec tos referentes à composição e estruturação de materiais gráficos nesta Unidade. Nas próximas unidades, veremos os elementos gráficos que compõem esses materiais. Neste momento, o que nos importa é en tender como esses elementos gráficos – cores, textos e imagens – po dem ser dispostos e impressos num suporte para formar um produto gráfico.
1. Formatos
Os formatos dos suportes dos materiais gráficos definem parte de seus significados, transmitem a personalidade do impresso. Os forma tos variam desde os aspectos básicos de suas dimensões, as relações entre suas proporções, até formatos especiais irregulares.
Dimensões
Quanto às dimensões, temos as variações existentes dos impressos, que transmitem sensações de leveza ou peso de acordo com o planejado. Os formatos podem variar desde um cartão de apresenta ção pessoal (9 x 5cm) até cartazes que utilizam uma folha inteira de impressão (96 x 66cm). Obviamente, não podemos projetar um cartão de apresentação com dimensões muito maiores do que o padrão, sob o risco de não cumprir suas funções de uso. Os cartazes são influencia dos pela distância de observação. Partindo da distância de observação (ambientes internos ou externos) e a relação de custos disponíveis, podemos estipular as dimensões necessárias aos cartazes. Quanto maiores os cartazes, maiores são suas chances de atrair a atenção do receptor, mas nem sempre isso é uma regra, pois existem outros elementos envolvidos, como as imagens, as cores e os textos. No caso de publicações, temos que equilibrar as questões de facilidade de manuseio, quantidade de informações (textos e imagens) e conforto de leitura. Nesse caso, temos as limitações básicas de ma nuseio e transporte das publicações. Considere as dificuldades de um aluno em transportar um livro de estudos com dimensões de 35 x 50cm. Imagine a dificuldade de um aluno ter que ler todo o dia, anotar, realizar seus trabalhos num livro com dimensões de 14 x 21cm. Deve mos que considerar a existência de muitas diferenças entre um livro que se configura como um romance e um livro de estudos, que requer releituras, anotações, que obriga o aluno a, literalmente, se debruçar sobre ele. Tem que existir espaço para isso, o livro tem que permanecer aberto por si só, entre outros requisitos.
Uma outra questão importante é a quantidade expressiva de textos em livros de estudo. Quando não trabalhados de forma correta, podem ocasionar uma das situações seguintes:
- ou são muito extensos, grossos;
- ou possuem muito texto por página sem espaço para a informação respi rar, com margens pequenas e linhas apertadas, cansando o leitor; - ou somam as duas situações seguintes, tornando-se extremamente inde sejável.
Existem maneiras de reverter essa situação. Podemos aumentar o formato de página, podemos dividir o livro em mais de um volume e, em certos casos, devemos solicitar alterações na quantidade de texto. Tudo isso para aproveitar melhor as informações, para que elas real
mente comuniquem e não se percam numa página repleta de pala vras.
link
Para entender melhor o assunto, veja o livro Elementos do Estilo Tipográfico de Robert Bringhurst, no capítulo 8 - Dando forma à página.
Formatos padronizados
Quanto aos formatos padronizados de página mais utilizados, cabe uma breve explicação. Os formatos mais utilizados na impressão digital correspondem aos padrões da série A (A3, A4, A5...) e a mais alguns formatos específicos (carta, ofício, legal...). A maioria das máquinas de impressão digital possui esses formatos memorizados em seus progra
mas, de forma que a impressão é facilitada. Para mais explicações, veja a tabela ao lado, figura D.1.
Figura D.1 – Tabela de formatos padronizados mais utilizados em impressões digitais.
Quando queremos transmitir algum conceito, reforçar alguma men sagem, o formato do suporte pode contribuir. Por exemplo, formatos horizontais transmitem estabilidade, velocidade; formatos verticais transmitem leveza, requinte; formatos irregulares, angulosos transmi tem dinamicidade figura D.2). Por meio de formatos irregulares recor tados, podemos sugerir diferentes planos que simulam diferenças de níveis num mesmo material gráfico (figura D.3).
Figura D.2 – Formatos horizontais, verticais e irregulares angulosos.
2. Pontos de atenção
Os pontos de atenção num material gráfico servem para direcionar o sentido de leitura do receptor. Todo material gráfico possui, seja pro posital ou não, uma seqüência de pontos de atenção que faz com que a pessoa percorra determinado caminho sobre a superfície do suporte.
Formatos irregulares recortados com indicação de planos.
Observe a figura D.4 e veja ao lado a simplificação de seus pon tos de atenção. Dessa forma, quem projetou o material gráfico conduz os olhos do observador. Quando essa condução é realizada de forma consciente, a variação da atenção dos pontos é bem hierarquizada con seguindo, de forma geral, que o caminho desejado seja percorrido.
Em materiais gráficos que não possuem os pontos de atenção bem definidos, o observador se sente perdido, ocasionando uma confusão no entendimento da mensagem. Imagine que você deseja comunicar para determinado grupo de pessoas uma mensagem. Essa mensagem precisa ter uma seqüência de informações para que o seu conteúdo seja compreendido. Por exemplo: a leitura da página de uma revista pode começar por uma imagem, passar pelo título, pelo subtítulo, ir para uma imagem secundária, para um gráfico e, por fim, para o texto da matéria. Os outros materiais gráficos seguem um princípio seme
lhante.
Agora, uma questão importante: como hierarquizar os pontos de atenção? As possibilidades são muitas. Podemos estipular uma ordem de leitura pelo tamanho dos elementos, pelo contraste dos elementos e pela disposição lógica na página.
Para exemplificar, imagine um cartaz com fundo branco, todas as letras em preto e sem imagens. O título é colocado bem acima, na maior altura de letra do cartaz, logo em seguida vem a informação secundária, num tama nho de letra menor, e assim por diante. Essa hierarquia é a mais óbvia, com os textos em ordem de importância e de tamanho (figura D.5). Se todos os cartazes fossem feitos dessa forma tudo seria muito repetitivo, todos se pareceriam, todos emitiriam praticamente a mesma mensagem visual. Para diferenciar, podemos subverter a ordem tradicional de leitura, de cima para baixo e da esquerda para a direita, utilizando para isso a valorização dos elementos, pelo tamanho e contraste. Veja os exemplos ao lado, com a esquematização da leitura (figura D.6).
3. Técnicas de comunicação visual
Para que um material gráfico transmita suas mensagens, podemos compor a área desejada por meio de técnicas de comunicação visual, que possibilitam comunicar conceitos relativamente abstratos. Para fun damentar as técnicas, utilizaremos o livro de Donis A. Dondis, a Sintaxe da Linguagem Visual (1991). A autora propõe algumas variações, das quais foram selecionadas as seguintes:
Equilíbrio x Instabilidade
O equilíbrio se apresenta como uma distribuição uniforme de peso das formas apresentadas no trabalho. A instabilidade é a ausência des se equilíbrio, gerando uma composição inquietante e provocadora.
Figura D.7 – Equilíbrio x instabilidade.
Figura D.5 – Demonstração básica da seqüência básica de leitura.
Figura D.6 – Exemplos de diversifi cação dos pontos de atenção.
Simetria x Assimetria
A simetria é o equilíbrio obtido pela organização dos elementos gráficos a partir de um eixo central de composição, enquanto que a assimetria é a disposição irregular dos elementos, mas mantendo-os em equilíbrio, ou seja, em uma compensação ótica.
Figura D.8 – Simetria x assimetria.
Regularidade x Irregularidade
Regularidade implica uniformidade dos elementos, enquanto que a irregularidade enfatiza o inesperado sem ajustar-se a nenhuma rotina visual.
Figura D.9 – Regularidade x irregularidade.
Simplicidade x Complexidade
A diferença entre simplicidade e complexidade é fácil de ser per cebida, e resulta em diferentes mensagens visuais. A primeira é livre de complicações e elaborações, enquanto a segunda é composta por inúmeros elementos.
Figura D.10 – Simplicidade x complexidade.
Unidade x Fragmentação
A unidade e a fragmentação relacionam-se com a simplicidade e com a complexidade, mas diferem na essência. A unidade é a fusão de elementos na forma de uma totalidade única, enquanto que a fragmen tação é a decomposição dos elementos de uma forma em unidades separadas que se relacionam entre si, mas conservam sua identidade.
Unidade x fragmentação.
Economia x Profusão
A economia e a profusão também são conceitos relativamente fá ceis de compreender. A economia pressupõe uma dosagem mínima de elementos gráficos, enquanto que a profusão apresenta uma quan tidade maior de elementos gráficos ou de detalhamento desses. A pro fusão não implica fragmentação ou complexidade.
Economia x profusão.
Minimização x Exagero
A minimização corresponde à utilização de pequenas áreas, de monstrando uma mensagem tímida, enquanto que o exagero apre senta uma mensagem que tenta escapar da área estipulada. São duas técnicas muito funcionais e que demonstram muito das características subjetivas do material gráfico.
Minimização x exagero.
Previsibilidade x Espontaneidade
A previsibilidade pressupõe uma ordem lógica ou um plano con vencional, podemos prever antecipadamente o próximo elemento, en quanto que a espontaneidade apresenta uma falta de planejamento, é uma técnica livre, impulsiva.
Figura D.14 – Previsibilidade x espontaneidade.
Atividade x Êxtase
A atividade reflete movimento, por meio da sua representação ou da sua sugestão. A êxtase, ao contrário, reflete repouso e tranqüilida de.
Figura D.15 – Atividade x estase.
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TIC’s
Design Gráfico
Neutralidade x Ênfase
Por vezes, uma forma neutra consegue sucesso numa comunica ção, em que uma mensagem enfática não consegue. Ao contrário da neutralidade, a ênfase é importante, pois realça uma determinada in formação da mensagem.
Figura D.16 – Neutralidade x ênfase.
Transparência x Opacidade
A transparência resulta em materiais gráficos nos quais percebe mos a fusão de diferentes planos, enquanto que a opacidade apresenta os elementos sobrepostos, sem nenhuma transparência.
Figura D.17 – Transparência x opacidade.
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TIC’s
Design Gráfico
Exatidão x Distorção
A exatidão representa os elementos como eles são realmente, en quanto que a distorção modifica esses elementos, buscando criar ou reforçar determinada mensagem.
Figura D.18 – Exatidão x distorção.
Planura x Profundidade
A planura trabalha somente com um plano, sem ilusões de tridi mensionalidade. A profundidade implica diferentes planos e/ou sensa ções de perspectiva.
Figura D.19 – Planura x profundidade.
Singularidade x Justaposição
A singularidade trabalha com ênfase em um elemento principal, enquanto que a justaposição coloca, no mesmo material gráfico, dois elementos principais com a mesma importância, buscando uma com paração.
Figura D.20 – Singularidade x justaposição.
Agudeza x Difusão
A agudeza transmite uma mensagem mais agressiva, enquanto que a difusão transmite uma mensagem mais calma, uma atmosfera de tranqüilidade e, por vezes, mistério.
Figura D.21 – Agudeza x difusão.
As técnicas de comunicação visual podem ser utilizadas para trans mitir os conceitos associados. Um mesmo material gráfico pode conter várias delas, porém, dificilmente conterá todas. Podemos utilizar uma, duas, até cinco ou mais técnicas associadas para transmitir nossas men sagens.
4. Proporções áureas
Desde os tempos da Grécia antiga, passando pelo renascimento, as proporções áureas são utilizadas para fundamentar os trabalhos de arte, arquitetura, engenharia e, mais recentemente, do ‘design’. As propor ções áureas podem ser utilizadas para estruturar graficamente os proje tos gráficos, tanto na escolha de seu formato quanto na disposição dos seus elementos gráficos. Veremos nesta subunidade algumas questões básicas sobre as proporções áureas para depois, na próxima unidade, observarmos sua aplicação prática na estruturação de página.
Milton Ribeiro em seu livro Planejamento Visual Gráfico (1998) apresenta a construção do retângulo áureo no qual um todo dividido em partes desi guais possui, entre a parte pequena e a maior, a mesma relação que existe entre a parte maior e o todo. Essa relação encontra a proporção matemática de 0,618. Por exemplo, para acharmos o ponto que divide a seção áurea de uma linha de 12cm, multiplicamos 12 por 0,618. Temos então, proporcio nalmente, um segmento maior de 7,416cm e o outro menor de 4,584cm. Podemos fazer a representação geométrica deste retângulo áureo como visto na figura D.22. Por sua vez, um retângulo áureo aproximado, utilizado para compor os formatos da série A (A3, A4, A5...) pode ser visto na figura D.23. O que nos interessa é a relação de proporção de 0,618.
5. Estruturação fundamental da página
Com base nos conhecimentos de formatos, pontos de atenção, técnicas de comunicação visual e proporções áureas, podemos agora passar a estruturar graficamente as superfícies de nossos projetos e a estruturação de página impressa.
Para iniciarmos o processo de estruturação da página, devemos compreender o que Ribeiro (1998) denomina pontos fortes. Os pontos fortes correspondem a determinadas regiões da página que, por si só, chamam a atenção ou são importantes para o seu desenho. Por exem
plo, o centro geométrico de um retângulo (figura D.24) é encontrado pelo cruzamento de suas diagonais. Por outro lado, podemos situar o centro ótico um pouco acima do centro geométrico (figura D.25). Ele se encontra neste local, pois a metade superior de uma forma regular parece oticamente sempre mais pesada e maior do que a metade infe
link
Para ter um conhecimento maior sobre proporções áureas e pro porções da natureza em geral, veja o livro O Poder dos Limites de György Doczi.
Figura D.22 – Retângulo áureo.
Figura D.23 – Retângulo áureo aproximado.
rior (figura D.26). O centro ótico é um dos pontos fortes mais utilizados e funcionais.
Figura D.26 – Relação entre partes superiores e inferiores.
Vimos, anteriormente, algumas questões sobre as proporções áu reas. No cruzamento de todas as seções áureas, ou seja, se fizermos um processo de espelhamento do retângulo áureo na horizontal e se acharmos a seção áurea na sua altura também espalhada (figura D.27), encontraremos os quatro pontos fortes originados nas proporções áu reas. A exemplo do centro ótico, esses pontos fortes são extremamente úteis para a estruturação de página.
Figura D.27 – Pontos fortes baseados nas proporções áureas.
Figura D.24 – Centro geométrico.
Figura D.25 – Centro ótico.
Com essas informações, podemos estruturar fundamentalmen te nossa página, descobrindo e posicionando os principais pontos de atenção em relação ao formato utilizado. Vamos ver alguns exemplos, considerando retângulos de diversas proporções .
Algumas possíveis maneiras de estruturar fundamentalmente a página.
Agora, vamos ver a estruturação fundamental desenhada sobre al guns materiais gráficos já impressos. Perceba que, mesmo havendo ou não a intenção de dispor os pontos de atenção nos pontos fortes, isso se torna um processo automático, por ser agradável de se observar (figura D.29).
Figura D.29 – Descobrimento de algumas estruturações de página (Fonte: ver lista de créditos de imagens 20)
link
Para entender melhor o assunto, veja o livro Elementos do Estilo Tipográfico de Robert Bringhurst, no capítulo 8 - Dando forma à página.
6. Estruturação modular da página
Partindo da estruturação fundamental da página, podemos deta
lhar ainda mais a disposição dos objetos. Essa estruturação é chamada
de modular. Consiste em dividir a superfície da página em módulos
pequenos que servirão como base para as relações e dimensões dos
objetos. A estruturação modular serve de base também para o desen
volvimento de símbolos, logotipos e pictogramas de sinalização (figura
D.30). Em casos de cartazes, ou outros materiais que não sejam re
vistas, livros ou jornais, a estruturação modular realizada em cima da
estruturação fundamental é suficiente para resolver a maior parte das
necessidades estruturais do projeto (figura D.31). No caso de publica
ções, como as citadas, devemos desenhar os diagramas e grades sobre
a estruturação modular.
A estruturação modular aplicada a assinaturas de marcas e pictogramas (Fonte: ver lista de créditos de imagens 21)
Figura D.31 – A estruturação modular aplicada ao desenho de página.
7. Diagramas e grades
A utilização de diagramas e grades permite a disposição organizada das imagens e textos sobre a página. Utilizaremos o termo grades para determinar esse tipo de estruturação. A diferença básica entre a es truturação modular e as grades está nas suas dimensões e finalidades. A estruturação modular possui módulos menores, enquanto que as grades são divididas em colunas e linhas, correspondentes ao texto uti lizado no projeto (figura D.32). A estruturação modular serve de base para o desenho das grades. Em alguns casos, elas não são feitas de forma independente, mas integradas, desenhadas, ao mesmo tempo, com módulos no sentido horizontal e linhas no sentido vertical. Obser ve as figuras que demonstram a utilização de grades nos materiais já prontos (figura D.33).
Figura D.32 – Grades de diagramação de página.
link
Josef Muller-Brockmann, em seu livro Sistema de Retículas, apre senta um estudo muito aprofun dado sobre as grades de diagra mação.
Figura D.33 – Aplicação de grades sobre materiais gráficos já desenhados.
Muitas vezes, em revistas e jornais, as colunas são flexíveis, ou seja, o diagramador pode utilizar, uma, duas, três, e assim por diante, de acordo com o que o manual de uso indicar e permitir. Por isso vemos em revistas textos mais largos, mais estreitos, porém, a maioria respei
ta a indicação das colunas. As linhas, por sua vez, indicam a base das linhas de texto, pelas quais as imagens também podem ser alinhadas. Em alguns casos, o diagramador também utiliza divisões maiores no sentido vertical, principalmente, quando são diagramadas muitas ima
gens na mesma página. Vejam exemplos mais detalhados dessas situações nas imagens ao lado (figura D.34).
Figura D.34 – Exemplos de aplicação de grades.
• compreender as principais classificações cromáticas e suas defini ções;
• identificar a importância da cor na comunicação gráfica;
• verificar algumas funções psicológicas, simbólicas e fisiológicas das cores.
Introdução
Nas unidades anteriores, vimos aspectos gerais de composição e estruturação dos materiais gráficos. A partir deste momento, abordare mos o estudo dos elementos gráficos, iniciando com as cores. Veremos as classificações e as definições cromáticas, a importância das cores na elaboração de materiais gráficos e, por fim, algumas questões relativas às funções simbólicas, psicológicas e fisiológicas das cores.
Nesta unidade, verificaremos, de inicio, algumas questões gerais da utilização das cores, para, posteriormente, enfocar seu uso na comuni cação gráfica e suas funções psicológicas, simbólicas. Poderíamos nos deter na questão da percepção, do processo de captação da luz pelo olho humano e tudo o que isso comporta. Porém, como nosso espaço é pouco, iremos diretamente para os aspectos mais importantes do nosso estudo.
A delimitação do espaço de cor pode ser conseguida por meio de três parâmetros. O primeiro determina a posição da cor no espectro eletromagnético, a matiz (figura E.1). Posteriormente, determina-se sua variação ao claro (em direção ao branco) e escuro (em direção ao pre
to), a luminosidade (figura E.2). Por fim, determina-se sua saturação, ou seja, sua pureza ou proximidade com os tons de cinza (figura E.3).
Figura E.1 – Delimitação do espaço de cor. Matiz.
Figura E.2 – Delimitação do espaço de cor. Luminosidade.
Figura E.3 – Delimitação do espaço de cor. Saturação.
Após essa classificação inicial, podemos organizar as cores em pri márias e secundárias. Geralmente, as cores chamadas primárias são o azul, o amarelo e o vermelho. Essa classificação, contudo, deixa muito a desejar e pode ser ampliada, dividindo as cores em cor-luz e cor pigmento. Essa explicação é lógica quando entendemos que existem cores que só existem mediante a emanação de raios de luz como, por exemplo, monitores de vídeo, celulares, etc. Também existem cores que são caracterizadas como tintas, como pigmentos, como no caso de im pressoras a jato de tinta e impressoras ‘offset’, e tintas de pintura, lápis de cor, etc.
Assim, as cores-luz primárias são o vermelho, o verde e o azul-vio leta (‘red’, ‘green’ e ‘blue’), que no idioma inglês formam a sigla RGB, o padrão de utilização de vídeo. Veja seu comportamento e a formação de suas cores secundárias, respectivamente, o amarelo, o ciano e o magenta (figura E.4).
As cores-pigmento, por sua vez, são divididas em transparentes e opacas. As transparentes correspondem ao padrão utilizado nas im pressoras a jato de tinta e na indústria gráfica. São elas o ciano, o magenta e o amarelo, com suas secundárias azul-violeta, vermelho e verde. Podem perceber que as cores-luz e as cores-pigmento transpa rentes são exatamente o contrário uma das outras (figura E.5).
As cores-pigmento opacas correspondem às cores chamadas, ini cialmente, de primárias, ou seja, o vermelho, o azul e o amarelo. Da mistura dessas cores, temos o roxo, o verde e o laranja (figura E.6). Considerar essas cores como primárias seria algo muito simplista e equivocado, visto que elas não suprem todas as necessidades cromáti cas. Por exemplo, tente por meio da mistura das cores-pigmento opa cas, que são literalmente tintas, obter o magenta ou o ciano. Isso não é possível devido a sua limitação cromática.
As cores ainda podem ser organizadas como complementares. Para isso devemos conhecer o círculo cromático, que transforma o espectro eletromagnético planificado em um círculo. Nesse caso, as cores que estão em lados opostos, passando pelo centro desse círculo, são as que possuem o maior nível de contraste.
Figura E.4 – Cores-luz primárias e secundárias. Síntese aditiva.
Figura E.5 – Cores-pigmento trans parentes primárias e secundárias. Síntese subtrativa.
Figura E.6 – Cores-pigmento opacas primárias e secundárias.
Círculo cromático.
No caso das cores-pigmento transparentes, se somadas, tendem ao preto. Por exemplo, some ao ciano o vermelho, sua complementar. Teremos então ciano + vermelho (que é a soma de amarelo e magenta) .
Cores-pigmento complementares.
Já no caso das cores-luz, se somadas, tendem ao branco. Por exemplo, some ao azul-violeta sua complementar, o amarelo. Teremos então azul-violeta + amarelo (que é a soma de vermelho e verde) .
Cores-luz complementares.
Numa dimensão mais abstrata, as cores podem ser classificadas em cores quentes e cores frias. Essa classificação também é simplista, mas pode ser bem utilizada com algumas ressalvas. Por convenção, as cores quentes são as que tendem ao vermelho, enquanto que as cores frias tendem ao azul.
Assim, um material gráfico azulado tende a ser mais frio que o mesmo material em tons avermelhados. Isso depende muito da in terpretação e da relação dessas cores com as que estão em sua volta. Por exemplo, este verde composto de bastante amarelo e pouco verde parece frio? Este vermelho rebaixado ao branco parece quente? Como classificação é útil, mas deve-se tomar cuidado em generalizar as cores.
1. Funções da cor na comunicação gráfica
As cores influenciam diretamente a questão da comunicação
visual. Os materiais gráficos desenvolvidos, na sua maioria, apresentam a utilização de algum tipo de cor. Essas cores transmitem conceitos, mensagens. Quantas embalagens, marcas de produtos não são reconhecidas apenas por suas cores? As sínteses gráficas coloridas de produtos ou marcas, mesmo sem nada escrito, somente com as cores, podemos identificar a que empresa pertencem.
Reconhecimento de produtos por meio das cores.
(coca-cola, Ferrari, Gol, postos BR)
Cores quentes e cores frias.
Cores quentes e cores frias.
As cores cumprem uma função tão importante quanto os textos e as imagens e devem ser consideradas atentamente no momento de desenvolver materiais gráficos. Qual o motivo de algumas grandes empresas terem suas marcas chamadas acromáticas, ou seja, sem o predomínio evidente de uma ou outra cor? De terem também suas marcas compostas apenas por um logotipo, ou seja, por apenas letras organizadas de forma adequada às necessidades? Muitas dessas marcas são mundiais e algumas não querem sofrer preconceitos por parte de determinada população que irá adquirir seus produtos. Muitas cores carregam significados contrários em locais diferentes do mundo, por exemplo, para nós o branco é sinal de pureza e o preto de luto, mas em alguns locais orientais o branco significa luto. Esse é só um exemplo básico que pode gerar uma utilização equivocada das cores.
Cada trabalho pede determinada cor; existem trabalhos que devem ser só brios por natureza e outros que devem ser coloridos. Podemos ousar na mistura das cores, utilizando combinações que não são óbvias, são muitas vezes discutíveis, mas se for necessário, poderá ser feito.
2. Funções psicológicas, simbólicas e fisiológicas
As cores exercem no ser humano sensações, sejam elas em nível psicológico sejam fisiológico. Para fazer uma distinção, as cores podem afetar tanto a nossa mente quanto o nosso corpo. Vamos estudar al guns casos específicos.
Os aspectos simbólicos das cores são evidentes no nosso dia a-dia. Os carros param no sinal vermelho, os banhistas não entram no mar com a bandeira vermelha, etc. Farina (1986) demonstra alguns simbolismos das cores, aplicados à segurança do trabalho e ao desen volvimento de máquinas, sugerido pela ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas).
Azul – Controles de equipamentos elétricos.
Laranja – Partes móveis e mais perigosas de máquinas e equipamentos, faces externas de polias e engrenagens.
Vermelho – Equipamento de proteção contra incêndio ou de combate a incêndios.
Verde – Caixa de socorros de urgência, avisos, boletins.
Branco – Faixas indicativas de sentido de circulação.
Preto – Coletores de resíduos.
Da mesma forma que o citado acima, as indústrias têm uma tabela para colorir os canos pelos quais passam diferentes substâncias, como água, gás e químicos. Cada grupo, ambiente, ou área de atividade pode
ter seu determinado código cromático, que é adquirido por assimilação, por aprendizado.
Nos aspectos psicológicos e fisiológicos, as cores serão apresenta das independentemente segundo Farina (1986).
Branco – Remete à ordem, simplicidade, limpeza, paz, pureza, ino cência, dignidade, divindade, etc.
Preto – Associado ao mal, miséria, pessimismo, angústia, melanco lia, dor, desgraça, etc.
Cinza – Lembra o tédio, tristeza, decadência, desânimo, seriedade, sabedoria, aborrecimento, etc.
Vermelho – Remete ao dinamismo, força, energia, revolta, movi mento, coragem, paixão, vulgaridade, vigor, glória, calor, violência, ira, emoção, agressividade, poderio, etc. Produz nervosismo, superestimula o sistema nervoso.
Laranja – Associado à força, luminosidade, dureza, energia, alegria, tentação, prazer, senso de humor, etc. A cor laranja estimula o apetite do observador.
Amarelo – Lembra iluminação, conforto, alerta, ciúme, orgulho, idealismo, egoísmo, ódio, adolescência, espontaneidade, variabilidade, etc. Fisiologicamente, aumenta a pressão arterial e os índices de pulsa ção e respiração, estimulante.
Verde – Remete ao bem-estar, paz, saúde, tranqüilidade, seguran ça, natureza, equilíbrio, esperança, serenidade, juventude, suavidade, descanso, tolerância, etc. A cor verde-claro tranqüiliza pacientes pertur bados.
Verde-azulado – Associado à persistência, arrogância, obstinação, amor próprio, etc.
Azul – Lembra espaço, viagem, verdade, sentido, afeto, intelectuali dade, paz, precaução, serenidade, infinito, meditação, confiança, amiza de, amor, fidelidade, etc. É uma cor sedativa, indicada para tratamento de pacientes maníacos e violentos. Usada muitas vezes como instru mento de relaxamento, aplicada nas paredes e/ou objetos.
Roxo – Remete à fantasia, mistério, profundidade, eletricidade, dignidade, justiça, egoísmo, grandeza, misticismo, delicadeza, etc. Marrom – Associado ao pesar, melancolia, resistência, vigor, etc.
ESTUDO DA TIPOGRAFIA
Objetivos
• identificar as principais categorias tipográficas e suas aplicações;
• compreender os fatores condicionantes de legibilidade e visibilidade de fontes tipográficas;
• analisar a tipografia aplicada nos produtos gráficos.
Introdução
Nas unidades anteriores, vimos aspectos gerais de composição e estruturação dos materiais gráficos e estudamos a aplicação das cores. Continuaremos o estudo dos elementos gráficos, abordando agora os textos, ou seja, a tipografia. Veremos as classificações tipográficas, os aspectos de legibilidade e visibilidade, bem como a sua utilização em materiais gráficos. Será um estudo breve, uma vez que a tipografia por si só poderia compor um estudo independente.
A tipografia é um aspecto fundamental para a produção de materiais gráficos. Especificamente no caso de materiais didáticos, ela se torna imprescindível e condicionante para a efetivação do aprendizado. Uma tipografia inadequada, numa diagramação equivocada, poderá prejudicar, significativamente, a assimilação dos conhecimentos contidos.
Com certeza você já deve ter se deparado com um livro que não conseguia ler, apesar do assunto ser interessante. A leitura era difícil, cansativa, o livro não evoluía. Provavelmente, grande parte disso se devia à diagramação dos textos e à fonte escolhida para a redação. Muitas vezes, pegamos livros com leitura fácil, mesmo sendo um assunto difícil. Claro que a tipografia não irá fazer milagres, tornando um livro mal-escrito agradável de ser lido, mas pode auxiliar muito. O contrário também acontece, a tipografia pode prejudicar significativamente a leitura do texto.
1. Classificações
Muitos conceitos podem ser aplicados às fontes tipográficas. Existem conceitos relativos à natureza, às variações, ao peso, à largura e ao desenho de seus caracteres.
Quanto à natureza de seus caracteres, podemos abordar as seguintes conceituações. Uma fonte tipográfica é composta de sinais alfabéticos (AaBbCcDd...) e para-alfabéticos (+2@#,.:;~{}...). Os caracteres também podem ser agrupados em maiúsculos (ou versais, capitais, caixa-alta), minúsculos (ou caixa-baixa) e versaletes.
Caracteres maiúsculos, minúsculos e versaletes.
Quanto às suas variações, podemos denominar os seguintes caracteres: romano (ou redondo), itálico, negrito e negrito-itálico.
O romano (ou redondo) não remete exclusivamente a um estilo de letra, mas aos caracteres originais da fonte, que possuem um desenho vertical.
Caracteres romanos.
O itálico corresponde aos caracteres inclinados à direita. No caso do itálico cabe uma explicação a mais. Os caracteres inclinados que possuem redesenho de sua forma aproximando-se mais da escrita caligráfica, são reconhecidos como os verdadeiros itálicos. Os caracteres que possuem somente uma inclinação dos caracteres, sem um redesenho significativo, são considerados oblíquos. Em sistemas de computador, tanto o itálico verdadeiro como o oblíquo são acionados quando se seleciona a opção itálica da fonte.
Figura F.3 – Caracteres itálicos.
O negrito é a opção da fonte mais escura, na qual os caracteres são redese nhados para escurecer a forma da letra. São utilizados, normalmente, para destacar alguma palavra ou sentença. É extremamente recomendável não os utilizar para textos longos.
Figura F.4 – Caracteres negrito.
O negrito-itálico é a união das duas versões citadas, o qual as somamos as descrições de ambas sobre as nomenclaturas e sobre seu uso.
Figura F.5 – Caracteres negrito-itálicos.
Quanto ao peso e largura dos caracteres, as fontes podem ser clas sificadas em diversas formas. Oficialmente, não há um padrão de classi ficação. Cada tipógrafo, que desenha suas fontes, tem autonomia para propor um sistema de classificação ou dar o nome que ache apropriado.
De uma forma geral, quanto ao peso das hastes, ou seja, quanto à espessura das hastes verticais (de um H por exemplo), podemos or ganizar as fontes conforme a figura F.6. Isso não significa que outras classificações não possam ser utilizadas para essas denominações. Um ponto importante que você deve saber é que dessas variações sur gem as abreviaturas que encontramos no final do nome das fontes. Por exemplo, ‘Futura Lt’ (‘Futura Light’), ‘Futura Md Cn’ (‘Futura Medium Condensed’), e assim por diante.
Figura F.6 – Peso das hastes.
Quanto à largura dos caracteres, as fontes podem ser agrupadas conforme demonstrado na figura F.7. A exemplo do que acontece com o peso dos caracteres, não existe um padrão específico para denomi nar as larguras, mas pode ser realizada uma aproximação.
Figura F.7 – Largura dos caracteres.
Quanto ao desenho de seus caracteres, as letras podem ser agru padas em diversos estilos. Cada fonte tipográfica possui características formais próprias no desenho de seus caracteres e, com isso, podemos reconhecer sua classificação. Existem diversas propostas de classifica ções para as fontes tipográficas, desde as mais complexas às mais sim ples. Nesse caso, visto que não iremos aprofundar tanto o assunto, vamos utilizar como base a classificação proposta por A Casa do Tipo
link
Para ver outra forma de classifi cação, procurar a versão propos ta por Bringhurst – Elementos do Estilo Tipográfico – que traz uma abordagem das fontes tipográfi cas em seu contexto histórico.
Design Gráfico
(www.acasadotipo.com.br), com algumas alterações.
Serifadas
As serifas são pequenos traços colocados no início ou final das hastes e barras dos caracteres. Existem diversas formas de serifa e, partindo dessas formas, podemos classificar as fontes em serifa curva, triangular, fina e qua drada (figura F.8) que resultam nos seguintes grupos: humanistas, garaldes, transicionais, didones e mecânicas (figura F.9).
Tipos de serifas.
Grupos de fontes serifadas.
Lineares
São letras sem serifa, com uso direcionado para títulos e subtítulos, etc. Po dem ser utilizadas para textos longos, mas nem todas possuem característi cas de legibilidalinearesde para essa finalidade. Essas fontes podem ser grotescas, neo-grotescas, geométricas e humanistas (figura F.10).
Figura F.10 – Grupos de fontes .
Manuscritas
São letras que imitam ou sugerem desenhos feitos à mão. Essas letras po dem ser mais espontâneas ou mais rígidas, com conexões padronizadas entre as minúsculas (figura F.11).
Figura F.11 – Fontes manuscritas.
Góticas
Conhecidas também como fraturas (ou ‘Black Letter’), são baseadas na escrita germânica, que foi muito utilizada até meados da segunda guerra mundial (figura F.12).
Figura F.12 – Fontes góticas.
Decorativas
Fontes com características ilustrativas, dificilmente utilizadas em textos lon gos (figura F.13).
Figura F.13 – Fontes decorativas.
Símbolos
Fontes tipográficas compostas de símbolos e pictogramas. Em alguns casos, essas fontes podem conter ilustrações; são chamadas também de ‘ding bats’ (figura F.14).
Figura F.14 – Símbolos.
Não-latinas
Aqui estão contidas as fontes tipográficas pertencentes aos outros alfabetos como o árabe, grego, cirílico, japonês. (figura F.15).
Figura F.15 – Fontes não-latinas.
2. Fatores condicionantes da legibilidade e de visi bilidade
Antes de iniciarmos os estudos de legibilidade e visibilidade, ne cessitamos definir algumas questões a respeito da nomenclatura dos alinhamentos utilizados nos blocos de texto, que se divide em alinha mento à esquerda, à direita, centralizado, justificado e justificado for çado (figura F.16)